quarta-feira, 28 de abril de 2010

Vou mais além...


Semana cheia de dúvidas e decepções... Precisei de provas para saber quem sou... Para saber do que sou capaz! Logo abaixo, as evidências de que estou vivo e de que sempre estive.


Resistir a uma gestação

Nascer

Andar

Falar


Enfrentar o primeiro dia de aula

Enfrentar o segundo dia de aula

Continuar enfrentando os demais dias de aula

Aprender andar de bicicleta aos 5 anos

A coragem para escrever a primeira carta de amor

Vencer o medo do primeiro beijo

Superar a primeira paixão não correspondida

Não ser um atleta e ter que ser bom n’outras coisas

A conquista do primeiro trabalho aos 12 anos


Ir numa “tirolesa” aos 13 anos

Assumir publicamente que jamais iria novamente em nenhuma tirolesa

Superar a segunda paixão não correspondida

Superar o cansaço do trabalho ao dia para estudar à noite aos 14 anos

Superar a terceira paixão não correspondida

Enfrentar um colégio interno por 3 anos, sabendo dos prazeres e das dores

Enfrentar e superar a separação dos amigos feitos ao longo destes 3 anos de convivência intensa

Superar a quarta paixão não correspondida


Viajar de ônibus sozinho para o Rio Grande do Sul em férias e me apaixonar loucamente pelas Araucárias

Trabalhar no meio de um monte de manés que só falavam em Teste de Fidelidade do João Kleber e Sport X Santa Cruz e sobreviver lá, por quase 2 anos

Superar uma depressão

Superar a segunda depressão

Criar coragem para “ser eu mesmo” para alguns poucos amigos

Superar a quinta paixão não correspondida

Superar a terceira depressão

Comunicar aos amigos do peito de Recife que a convivência com eles seria interrompida

Criar coragem para aventurar e ir morar longe, no Sul do Brasil


Superar a falta do ninho familiar e dos Coqueiros colossais

A coragem para atravessar as fronteiras da cultura e espiar mais de perto a Serra Gaúcha

Fazer grandes amizades no trabalho

Perder o medo de andar de bicicleta na rua

Fazer grandes amizades através de grandes amizades do trabalho

Apaixonar-me, sem querer nem perceber, por alguém que era tão o avesso de mim

Permitir-me viver uma paixão com potencial para me fazer pleno e de me destruir

Superar o fim do ensaio do meu único amor vivido

Superar a uma demissão e todo o seu significado

Jurar que jamais faria laços fortes com colegas de trabalho


Ir morar sozinho, sozinho...

Batalhar e conseguir trabalhar com novas pessoas

Ser feliz e entregar meu coração aos amigos do novo trabalho, sem medo, desfazendo assim o juramento do “jamais...”

Respirar fundo e decidir a difícil/fácil/triste/feliz volta ao ninho em Pernambuco

Comunicar aos meus amigos do peito de Caxias do Sul que a convivência com eles seria interrompida

Comprar passagem

Juntar e arrumar as coisas


Dizer “até um dia” para meus amigos do Sul


Dizer “até um dia” para a Nati... (Como estará meu anjinho?)


Ter forças para entrar no ônibus com destino a Porto Alegre e no avião de Porto Alegre ao Recife

Coragem para batalhar um novo trabalho e uma outra nova vida em Pernambuco


Bem, se eu vivi tudo isso aí, eu sou capaz de ir além do que eu possa imaginar! Pois quem tem em seu currículo algo assim, tem na veia o melhor dos talentos e a melhor das coragens: o talento pra viver e a coragem de arriscar. E vou arriscar, SEMPRE que achar que devo!


Afinal, os riscos que corri, no fim de tudo, me trouxeram coisas e pessoas que VALEM cada medo que eu tive do perigo.

domingo, 18 de abril de 2010

Correndo atrás do prejuízo!


Havia um tempo em que eu emagrecia só em dar umas corridinhas... Mas, como sabem, perto dos trinta o nosso metabolismo não é mais o mesmo. A gente come um grama de amendoim e aquilo se desdobra em um quilo. A gente corre um metro e as pernas parecem que correram a São Silvestre. Se a gente insiste e corre míseros cem metros dá-se início a um ataque cardíaco.


Na semana passada analisei bem a situação: vinte e nove anos, a falta de beleza óbvia, um super mega sobrepeso, manequins oito números acima do que eu vestia aos vinte anos, o fato de ser rejeitado em todos os chats de bate-papo assim que assumo o crime de pesar três dígitos... Não foi o suficiente. Faltava um juiz, o mais cruel. O espelho. E ele sentenciou: GORDO! Ouvi sua dura resposta e decidi: de hoje não pode passar!

E fui. Caminhando pela calçada. Os passos lentos. Na verdade, mais lentos do que os de costume. Digamos que eu estava quase parando de tão lento. Mas segui. Continuei meu percurso. Parei em frente ao estabelecimento suado pelo medo e pelos trinta graus de Recife... Fiquei olhando para dentro dele, procurando uma confirmação e coragem para dar sequência ao plano. Na minha cabeça só ouvia as vozes dizendo “rapaz, o que você vai fazer aí dentro? É dinheiro perdido... Já reparou que você será o mais gordinho de todos? Você levará no mínimo cinco anos para chegar ao ‘shape’ deles!”. Mas, respirei fundo, “aprumei” as pernas cambaleantes e entrei. Sim... Entrei na academia de ginástica e musculação. Na mesma ocasião fiz a bendita matrícula e avaliação física.

No outro dia lá estava eu. Foi-me dada uma sequência - vergonhosa de tão leve - de exercícios: esteira, bicicleta e steps. “Você tem que começar devagar!”, disse a minha instrutora. Mas mesmo assim, o que ela estipulou como “devagar” deve ter elevado minha pressão arterial uns quinze pontos, pois saí de lá no primeiro dia cambaleante quase pedindo socorro às pessoas nas ruas.

Porém, confesso: mesmo olhando nas dezenas de espelhos espalhados pelas paredes e me vendo todo suado e pálido, achei muito divertido ficar ali em meio àquelas máquinas. E mais, não sei se era o fato de estar passando mal com os exercícios “pesados” ou se pura esperança mesmo, mas volta e meia vislumbrava um novo Kennedy nos espelhos, com trinta quilos a menos e músculos tonificados, entrando num manequim tamanho quarenta.

Amanhã cedinho estarei lá, com minha garrafinha de água, minha toalha e meu sonho de emagrecer. Pois tudo o que quero, é que em Agosto, quando completar os temidos trinta anos, eu possa: estar namorando, sair bem na foto e dançar pelo menos cinco músicas sem ser socorrido por insuficiência cardiorespiratória.

Se sobreviver, voltarei... Mais leve e mais rápido no próximo post. Prometo!

domingo, 4 de abril de 2010

Num mundo de tagarelas, para que dizer?


O mundo não precisa de minha opinião para seguir girando, explodindo, clareando, azulando, sendo uma grande bola pendurada por aí no universo. Ele faz isso perfeitamente bem sem mim.

Meus conhecidos e chegados podem muito bem viver sem saber o que se passa nessa minha cabeça imensa e de pensamentos farpados.

Meus inimigos... Sou tão insignificante que nem os tenho para me gritarem “medíocre”!

Se é assim, por que escrever? Para que dizer?

Não é para os outros...

Quer dizer, é...

É e não é!

Pensemos num pescador... Ele acorda cedo, toma um café e vai sentar-se a beira de um rio tranquilo, preparando sereno o que lançará no anzol... O peixe virá... Rodeará a isca, desconfiado, e uma vez achando que aquilo é bom, abocanhará. Pronto. O pescador sabe que terá alimento em casa.

A razão que o move, move a mim também.

Escrevo para ter alimento. E da mesma forma que o pescador, não quero mostrar ao mundo o quão habilidoso eu sou na arte da pesca, mas sim, saber que mesmo se tiver pescado apenas um peixe o caminho da volta será mais feliz!


Kennedy Jeremias (kennedyjeremias@hotmail.com)