sexta-feira, 4 de março de 2011

Mosaico... Tudo num só! Num só há tudo!


Eu sou da arte. Ela é quem me põe pra andar. Corro atrás dos últimos discos, livros, dos primeiros também. Se a canção citou “cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores”, lá vou eu atrás saber quem são estes benditos. E descubro, me redescubro, descubro um mundo por essas cores tão fortes antes desconhecidas. E quando a letra da Toller diz “um amor Grande Hotel” e o resto do mundo passa adiante para o próximo verso, eu fico com a interrogação até descobrir o belíssimo, enigmático, perfeito, inquietante filme que foi pano de fundo desse amor, Morte em Veneza. Lá está o Grande Hotel e a música ganha outros sentidos.

Se o Catedral faz um disco com letras baseadas em textos do Rubem Alves lá vou eu sedento dessa água. E reconheço meu velhinho predileto e tudo em mim muda de lugar, se desorganiza para se organizar depois. E quando o próprio Rubem (sou íntimo, já o abracei umas cinco vezes!) me traz visões de 2001 Uma Odisseia no Espaço? Ué, o que é isto? Vamos lá então... E descubro Kubrick, com seu Laranja Mecânica. Minha cabeça cai, meus braços ficam sem forças e as pernas caminham por onde não há caminho. Mas daí Bethânia me traz Lispector, e o caos dela junto ao que se havia feito antes em mim acabam me pondo nos trilhos novamente.

Sou assim. Na verdade somos todos assim. Uma colagem de livros, vídeos e discos.

Uma hora sendo traduzidos, outra hora sendo compostos.

Por falar nisso, uma música que retrata bem uma determinada área de minha vida (de tantas coisas que estão acontecendo) seria a música de número 10 do belíssimo disco da Vanessa da Mata “Bicicletas, Bolos e Outras Alegrias”, a engraçada, porém objetiva, “Moro Longe”. Segue abaixo para apreciação e quem sabe ela te traduza também.


Moro Longe
Vanessa da Mata

Você me chama como quem diz: Logo Ali
Saindo agora eu chego só três horas lá
Três conduções, olhar um sorvete e não tomar
Levar um lanche e só chegar na madrugada
Desbravamente, expedição, confusão
Só um beijinho, sinto muito não vai ser bom
Um copo d'água, um cafuné pra começar
Há alguma hora, se Deus quiser, eu vou chegar

Quero pão novo, pouca conversa, uma casa aberta
Um ótimo vinho
Flores do campo, banho quentinho
Uma sobremesa, um atrevimento
Dedicação, muito carinho
Derretimentos pra compensar, pra compensar
Porque eu moro longe no fim do mundo
Se eu for ai, faça valer à pena
Porque moro longe, lá onde ninguém vai
Se eu for ai, faça valer à pena, faça valer à pena

Quero pão novo, pouca conversa, uma casa aberta
Um ótimo vinho
Flores do campo, banho quentinho
Uma sobremesa, um atrevimento
Dedicação, muito carinho
Derretimentos pra compensar, pra compensar
Porque moro longe no fim do mundo
Se eu for ai, faça valer à pena
Porque moro longe, onde ninguém vai
Se eu for ai, faça valer à pena, valer à pena, valer à pena, faça valer à pena...

PS. Recado dado! rsrs